ENTREVISTA: conversamos com a controladora municipal, Menara Damião, primeira mulher a assumir a presidência da UCIB


Nascida em 26 de setembro de 1980, a controladora de Alagoinhas, Menara Damião, possui mais de 20 anos de experiência na área pública, com uma trajetória marcada por dedicação e resultados expressivos nos campos da controladoria, auditoria e licitações. Passando por cidades como São Francisco do Conde e Camamu, onde atuou nas áreas de licitação, auditoria e finanças, foi em Alagoinhas, onde Menara exerce a função de Controladora Municipal, que ela ganhou grande destaque profissional pelo desempenho diante de ações voltadas ao fortalecimento da governança e da transparência. A vasta experiência serviu de embasamento para que ela assumisse, na última sexta-feira, 17, a presidência da União das Controladorias Internas do Estado da Bahia (UCIB).

Entrevistamos Menara Damião para entendermos o atual momento de sua gestão frente à UCIB e o desenvolvimento de seu trabalho diante da Controladoria de Alagoinhas.

1 – De maneira mais acessível, nos explique o que é a UCIB e qual o foco do trabalho dessa entidade na Bahia?
A União das Controladorias Internas da Bahia é uma entidade sem fins lucrativos criada em 7 de novembro de 2011 por servidores do Controle Interno, inclusive com a participação dos ex-controladores de Alagoinhas, Buri Caldas e Kátia Regina. Sua missão é representar todos os controladores e controladoras da administração direta e indireta do Poder Executivo e também dos(as) controladores(as) do Poder Legislativo dos 417 municípios da Bahia, buscando fortalecimento e representatividade, considerando a missão constitucional do Controle Interno.

2 – Como se deu o processo de eleição para a presidência da UCIB?
A eleição para a presidência do órgão acontece a cada dois anos, e em 2025 ocorreu no dia 23 de setembro, no auditório do Ministério Público da Bahia, durante o primeiro dia do I Congresso de Mulheres no Controle da Gestão Pública Municipal. A eleição aconteceu após a mesa de abertura do evento, e a chapa “Mulher onde ela quiser”, a qual me candidatei como presidente, venceu por unanimidade. A composição atual ficou definida assim: eu, Menara Damião, como presidente; Viviane Brito na vice-presidência; Reinaldo Ribeiro na tesouraria; a primeira secretária Mirian Alves e a segunda secretária, Susan Caroline Ferreira Gomes. Já o Conselho Fiscal ficará a cargo de Kércia Guimarães Pereira e Lenira Santos de Andrade Santana, também servidora do Controle Interno de Alagoinhas e como suplente do Conselho Fiscal, Gustavo Costa.

3 – Os presidentes que a antecederam apoiaram sua eleição?
Sou membro da UCIB desde a sua criação, com atuação mais efetiva a partir de 2021, quando me tornei a primeira vice-presidente em 2023. Durante todos esses anos, tenho buscado representar e fortalecer a categoria, e por isso obtive apoio incondicional não apenas dos presidentes que me antecederam, mas também de todo o corpo diretor e dos representantes dos órgãos de controle externo. Minha eleição teve um marco histórico, apoiado principalmente pelo meu antecessor direto, Maike Oliveira, me tornando a primeira mulher a presidir a UCIB em 13 anos de existência da entidade.

4 – Sabemos que a UCIB tem como foco o fortalecimento e o aprimoramento do trabalho das controladorias municipais da Bahia. Quais serão suas primeiras ações nessa direção?
Já recebi como minha primeira missão a realização do V Seminário Regional, que acontecerá em Paripiranga, nos dias 3 e 4 de novembro de 2025. Como proposta de trabalho, apresentamos uma série de ações, entre as quais destaco: a manutenção de dois eventos regionais, um Congresso Baiano e um Congresso das Mulheres, além da ampliação das oportunidades de formação contínua dos controladores internos. Estamos prevendo ainda reuniões regionais para discutir pautas específicas, como o ingresso na Rede de Controle a convite da CGU e o debate dos resultados de pesquisas do TCM e do MPBA sobre a estrutura das controladorias. Outras iniciativas incluem a promoção de fóruns temáticos com secretarias municipais para tratar de temas sensíveis ao controle e à auditoria, a realização de uma campanha conjunta com a UPB para o fortalecimento das estruturas e dos quadros técnicos das controladorias, a reestruturação da governança da UCIB para uma gestão mais participativa e estratégica e a criação de um acervo de modelos e documentos temáticos de apoio aos controladores associados.

5 – Quando falamos em um trabalho de excelência das controladorias municipais atualmente, quais são os principais desafios e aspectos que precisam ser observados?
Embora a função do Controle Interno esteja prevista no art. 74 da Constituição Federal de 1988, muitos controladores sofrem com ausência de equipe técnica, estrutura física precária, estrutura institucional que não permite uma ação impessoal por estarem vinculados a outros órgãos e, principalmente, com a dificuldade de gestores e equipes compreenderem a importância do controle. Nossa missão, depois de 20 anos da Resolução 1120 ainda permanece a de fortalecimento e reconhecimento do nosso trabalho como ferramenta de gestão e governança.

6 – De que forma sua eleição e o novo cargo podem contribuir para o fortalecimento das ações de controle interno em Alagoinhas?
Alagoinhas instituiu o Controle Interno em 2001, sendo uma das primeiras controladorias do Brasil, criada inclusive antes da Controladoria-Geral da União (2003). Esse protagonismo mostra a potência do município em desenvolvimento, visto que um controle interno fortalecido valida um processo de governança e integridade, promovendo a eficiência e eficácia das políticas públicas. Além disso, Alagoinhas, como a maior cidade da região Norte e Agreste Baiano, tem papel fundamental no desenvolvimento regional, tanto pela influência administrativa quanto política. Um controle interno fortalecido, principalmente com o apoio incondicional da gestão, possibilita avanços significativos nas entregas e na sociedade.

7 – Qual a importância de termos uma representante de Alagoinhas à frente da presidência da UCIB?
Estar à frente dessa instituição, fortalecida há 13 anos e em constante diálogo com órgãos de controle externo como TCE, TCM, MPBA, CGU e TCU, traz conforto e segurança administrativa, garantindo uma atuação preventiva em vez de ostensiva na ação corretiva. Isso demonstra uma gestão proba e baseada na legalidade. A presidência da UCIB tem sido convocada para debates importantes que buscam aproximar as regras estabelecidas da realidade dos municípios, promovendo melhor governança pública. Alagoinhas ganha visibilidade nacional, atraindo investidores e o respeito dos órgãos de controle externo. Para que eu pudesse assumir este cargo, foi essencial o apoio do prefeito Gustavo Carmo, cuja gestão é pautada em resultados, fortalecimento da governança e integridade das ações, com visão estratégica e foco em políticas públicas mais efetivas e eficazes.

 

Fotos: Roberto Fonseca/Divulgação

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