Boca de Brasa vem bufando fogo e arrotando lavas


Boca de Brasa está de volta, soltando o verbo e cuspindo fogo. E lenha é o que não falta pra queimar nesse pós eleição. Foram tantos momentos especiais e decepções que dariam uma coluna a cada hora, mas vou tentar ser breve e direto.

Do ocaso à história

A coluna Boca de Brasa de ontem (3) soltou os cachorros na votação de Paulo Cezar, mas a de hoje merece uns parênteses pra contar que embora o comentário tenha soado ácido ou agressivo, foi com o objetivo de mostrar que os tempos mudam, a renovação é natural, mas a história de quem a fez continua, perpetua. E Paulo tem história e um belo enredo na política local e estadual. Duas vezes vereador, dois mandatos de prefeito e dois mandatos de deputado estadual. Como prefeito teve a felicidade de trazer e inaugurar importantes empreendimentos e, em parceria com o governo do Estado, trouxe obras importantes para a cidade como o Binário e a avenida Joseph Wagner. Depois dessas eleições e pelas escolhas infelizes, PC vem declinando eleição após eleição. Já são quatro derrotas. Uma para prefeito com Sônia Fontes, duas de deputado e outra para prefeito quando perdeu para o atual prefeito. PC vai ficar na história, mas é preciso recuar e perceber que o tempo passa, o tempo voa, e a política tem dinâmica que nem Sócrates explicaria.

Do ocaso ao erro

A Coluna Boca de Brasa não é instituto de pesquisa mas errou e errou feio ao comparar a votação de Paulo Cezar com a de Luma. No afã de elogiar a performance da pedetista, acabei esquecendo os números das urnas com a fidelidade necessária. PC teve mais de 14 mil votos como candidato a deputado estadual em Alagoinhas, e Luma Menezes teve mais de 6 mil votos como candidata a deputada federal. A comparação foi infeliz, esdrúxula,  pelos números, mas a coluna não teve a intenção de negar a expressão política de PC. Afinal, mesmo em fim de carreira, 14 mil votos são números expressivos. Ficou em segundo lugar em votação em Alagoinhas e pode estar encerrando sua carreira política com o reconhecimento popular dos eleitores de sua terra.

Os novos velhos

O deputado federal Joseildo Ramos agora entra pela porta da frente do Congresso Nacional. Com 104 mil votos, pouco mais de 18 mil em sua terra, Alagoinhas, o petista renova seu compromisso de continuar lutando por dias melhores para os mais necessitados. Uma das bandeiras deve ser um novo hospital regional, cujo débito governamental já ultrapassa aos 50 anos. A culpa não é só dele, mas a exemplo da luta que travou quando era deputado estadual junto com Paulo Azi, quando brigaram pela expansão da telefonia móvel, chegou a hora de esquecerem as divergências políticas e partidárias e estabelecerem o hospital como pauta comum. Devem encontrar abrigo no deputado Otto Filho, recordista de votos, e que garantiu que Alagoinhas vai ganhar um hospital digno. O Dantas Bião é uma vergonha. Sua ampliação foi um puxadinho eleitoral.

Ainda sobre os novos velhos

O deputado Paulo Azi nunca foi bom de votos em sua cidade, mesmo porque muita gente nem sabe que ele nascera em Salvador. Radicado em Alagoinhas por conta da família e vindo de uma matriz política de grande ascensão na cidade, Jairo Azi, o parlamentar precisa deixar o ranço de não ser aliado e voltar a estilingar suas emendas. Já foram generosas, chegando a 70 milhões, hoje não passam de dez milhões.

O novo amigo

Avesso a discursos, o vereador Juracy, o amigo certo das horas incertas, também deu o ar de sua graça no parlamento. Discursou em plenário e agradeceu aos seus eleitores pelos quase 3 mil votos dados ao deputado Dal, político sem nenhuma expressão na cidade. É outro que foi bem votado e tem o compromisso de trazer emendas e ajudar no desenvolvimento sócio-econômico de Alagoinhas e região.

Os novos modelos

A cidade de Alagoinhas cresceu economicamente nos últimos 25 anos, desde à chagada da antiga Schincariol. Após a eleição, é necessário repensar o modelo econômico, administrativo e de infraestrutura. É necessário, além das obras já listadas aqui como um novo hospital, criar um novo vetor de desenvolvimento. Pra quem não conhece Feira de Santana, indico o bairro do Sim, Fraga Maia e a Noide Cerqueira. Essas ruas criaram centros habitacionais, comerciais e industriais, levando para lugares nunca dantes habitado, um novo modal de desenvolvimento. Hoje, o Sim é a vedete de Feira de Santana. A Noide Cerqueira é o futuro e a Fraga Maia já é um realidade. Em Alagoinhas, o comércio se concentra no eixo central, mas sem nenhum projeto de expansão para os flancos. A própria secretária Maria das Graças desconhece a ideia de um anel de contorno. Nele, ou em seu entorno, indústrias e um centro de logística, um centro de distribuição. A cidade tá feia e desagrada aos olhos de quem nos visita. Mas, por enquanto, é o que temos. Quem tem um projeto diferente favor enviar para esse colunista, por favor.

E por falar em conceitos

Além do centro de Alagoinhas só comportar as velhas e novas lojas da cidade, não apresenta nada de novo. Cidade menor, Teixeira de Freitas tem lojas e avenidas que dão um show de aquecimento na economia local. Aqui, o que temos é o de sempre.

O novo futuro

Gleiser Soares, que se empenhou bastante nas eleições de seus dois candidatos, é uma promessa que precisa ser lapidada para oferecer mais para Alagoinhas. Fabrício Faro é outro com qualidade, mas precisa sair de grupo, transitar livremente e ampliar seu projeto. Às lideranças antigas e carcomidas da cidade, um pedido: dê espaço ao novo, aos novos, aos que pensam grande, mesmo sem espaço.  

E por falar no velho

E velho de Alagoinhas poderia ser o novo, mas ainda não é. O patrimônio histórico da cidade derrete e ninguém faz nada. Os prédios da ferrovia estão caindo aos pedaços. Reuniões com IPHAN e IPAC foram às milhares e nada. A igreja inacabada de Alagoinhas Velha vai no mesmo caminho. Reformaram o entorno, a praça, mas deixaram a igreja-marco zero da cidade-, à espera da queda, a exemplo da Estação de Trem São Francisco, segundo marco de desenvolvimento da cidade. O antigo prédio da Câmara também tá lá, vegetando que nem quiabo. O prédio da prefeitura parece um mausoléu. Uffffaaa. Querem mais. Aguardem, amanhã.

 

Gazeta dos Municípios/Vanderley Soares DRT 4848

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