Forró como Patrimônio Cultural traz perspectivas de políticas públicas, diz Del Feliz

 por Antônia Fernanda

Forró como Patrimônio Cultural traz perspectivas de políticas públicas, diz Del Feliz
Foto: Divulgação

Um dos maiores gêneros do Brasil, o forró, foi declarado em decisão unânime pelo Instituto do Paatrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil, nesta quinta-feira (9). Esse reconhecimento, que veio 5 dias antes do Dia Nacional do Forró, só aconteceu uma década após o pedido de registro que foi feito em 2011 pela Associação Cultural Balaio do Nordeste, do estado da Paraíba. 

Apesar da longa espera, para o cantor e compositor Del Feliz, padrinho nacional da campanha de Registro do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil, esse registro traz perspectiva de melhora para a classe forrozeira. "Me sinto feliz porque é uma conquista coletiva. O forró de fato é um patrimônio cultural do Brasil há muito tempo. A formalização é um protocolo e para isso acontecer existe todo um cronograma e uma série de fatores que precisam ser cumpridos à risca e realmente são bem complexos", conta.


"Ele traz as perspectivas de políticas públicas que venham incentivar, apoiar e contribuir com os fazedores dessa cultura que é tão importante para a gente, tão identificadora para o Nordeste", afirma o cantor.

O artista ressalta que, além da música, o forró também envolve outras manifestações culturais como as festividades do São João. "O forró merece toda a atenção. Na Bahia, por exemplo, a gente faz o maior festejo junino do país. Temos algumas festas que são reconhecidas no Brasil inteiro. Todos os 417 municípios do estado celebram essa festa, então o São João é muito forte e se confunde com o forró".


Foto: Rita Barreto/Bahia Tursa

 

"As políticas públicas podem servir para fazer justiça, para abrir espaço para essas pessoas que são os verdadeiros representantes do forró".

O Iphan também elegeu o forró como um supergênero musical por reunir ritmos nordestinos, entre eles, o xote, xaxado, baião, chamego, a quadrilha, o arrasta-pé e o pé-de-serra. Para Del, isso foi essencial, pois existem artistas do forró raiz que muitas vezes não são reconhecidos ou valorizados. 

"Existem os trios de forró que gostariam de participar dos grandes eventos, mas que ficam à margem, não tem uma oportunidade, não tem uma estrutura ou valorização...Esses fóruns que estão acontecendo têm sido um espaço muito interessante para a gente discutir tudo isso. Eu acredito na força que nós temos e no pensamento coletivo". 

 


Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil


MERCADO ATUAL DO FORRÓ
Conhecido por muitos como o "embaixador do forró", e dono de músicas que trazem do forró raiz em suas letras, Del garante que apesar dos novos estilos, a música raiz permanece viva e bem representada. 

"O meu trabalho tem essa característica que é voltada muito para o forró raiz, me identifico muito com essa vertente, mas eu entendo que a cultura não é estática, as coisas vão se modificando e isso é natural. É muito importante a gente entender que é fundamental respeitar e proteger aquilo que se identifica...Mas ao mesmo tempo, a gente precisa ter consciência de que a cultura nunca vai ser mantida por decreto". 

No entanto, ele ressalta a importância de manter viva as raízes do forró tradicional. "A gente precisa ter esse olhar cuidadoso para que a força do interesse comercial não destrua aquilo que é a nossa essência. Eu acho que a sanfona, zabumba e o triângulo, a música de raiz nordestina, permanecem com a característica de ser um aglomerado de ritmos do forró. Isso torna a música mais rica, mais diversa. O forró continua muito forte".  

O baiano diz que respeita as novas vertentes do forró, mas pondera: "Eu acho que tudo tem um limite, alguns desses artistas não precisariam se apoderar do termo forró, poderiam ter colocado outro nome".

 

"Mas ao mesmo tempo, se as pessoas estão entendendo que isso também é forró, vai ser a população que vai determinar o que vamos chamar de forró no futuro", completa o baiano.


REPRESENTAÇÃO NO FORRÓ
O compositor ressalta ainda que o gênero nordestino ultrapassou as barreiras do Brasil e está sendo contemplado e representado no mundo inteiro. "A música está sendo sempre bem representada com muita qualidade. Se pesquisar, vai encontrar muita poesia, muita qualidade, muita gente jovem difundido o nosso trabalho".

"Os festivais fora do Brasil são incríveis, em espaços maravilhosos. Para mim isso é símbolo de um momento que estamos vivendo em que o forró de fato vem conquistando o mundo e as pessoas", completa o artista. 

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