CPI do Voluntariado: mais duas pessoas prestam depoimentos na Câmara de Sorocaba

Por Carolina Abelin, TV TEM

Mais uma audiência da CPI que investiga supostas irregularidades no voluntariado na Prefeitura de Sorocaba (SP) foi realizada nesta terça-feira (14). Três pessoas deveriam ter sido ouvidas, mas uma das testemunhas foi embora antes de prestar depoimento.
Os depoimentos foram fechados e não puderam ser acompanhados pela imprensa. Isso porque as duas testemunhas ouvidas são funcionários da prefeitura e as identidades delas devem ser preservadas.
"Nós ouvimos dois funcionários do Meio Ambiente e da Urbes que foram citados pela senhora Tati Polis que faziam parte das reuniões do 'Fala Bairro'. Nós ouvimos os dois até para saber a atuação e o caráter da atuação da Tati Polis nesses programas. Eles confirmaram reuniões no gabinete do prefeito em que ela, junto com uma pessoa da comunicação, também dirigia as reuniões e depois repassava as demandas para as secretarias", explica a presidente da CPI, Iara Bernardi.
A terceira pessoa que prestaria depoimento nesta terça seria a síndica de um centro comercial. Os vereadores apuram a movimentação neste local, onde aconteceriam reuniões entre Tatiane Polis e os envolvidos no suposto pagamento de R$ 11 mil para ela.
A testemunha foi até a Câmara, mas foi embora antes de ser ouvida pela comissão e saiu sem dar explicações. Ela será convocada novamente na quinta-feira (16).

Investigações

A ex-assessora Tatiane Polis depôs na Câmara dos Vereadores no dia 17 de abril e negou qualquer irregularidade.
CPI também ouviu, no dia 19 de março, a secretária de Cidadania e Participação Popular, Suélei Gonçalves, o então secretário de Comunicação, Eloy de Oliveira, e o chefe de gabinete do prefeito, Carlos Henrique Mendonça, que foi o último a falar, mas se negou a responder muitas das perguntas feitas pelos vereadores.
No dia 26 de março, em outra audiência da CPI, seis pessoas foram ouvidas pelos vereadores: dois servidores concursados e quatro funcionários comissionados. Todos estavam ligados à Secretaria de Comunicação quando surgiram as denúncias da volta da atuação de Tatiane, que foi condenada em primeira instância por uso de diploma falsificado.
Eloy de Oliveira, que pediu exoneração após ser citado como investigado na Operação Casa de Papel, disse em depoimento à polícia que o prefeito José Crespo (DEM) determinou que Tatiane Polis recebesse salário de R$ 11 mil por mês para atuar como "voluntária" na prefeitura.
À vereadora Iara Bernardi durante depoimento da CPI, Tatiane Polis disse que nunca recebeu nenhum tipo de pagamento durante o trabalho dela como voluntária na prefeitura. O prefeito José Crespo também negou pagamento para a investigada.
O empresário Luiz Navarro, dono da agência Dgentil, foi ouvido no dia 2 de maio. Já Willian Polis, marido de Tatiane, foi interrogado pelos vereadores no dia 7 de maio.
Para a mesma data estava marcado o depoimento de João Batista Pellegrini, ex-diretor de área da Secretaria de Licitações e Contratos da prefeitura. No entanto, o advogado apresentou um atestado médico justificando a ausência dele.
Crespo determinou que Tatiane Polis recebesse salário de R$ 11 mil por mês para atuar como voluntária — Foto: Reprodução/TV TEM

Novos depoimentos

Na próxima semana, a Polícia Civil vai ouvir 10 pessoas no inquérito que investiga o voluntariado na prefeitura. Alguns dos investigados também devem ser ouvidos na segunda etapa da Operação Casa de Papel, que investiga um suposto esquema de desvio de dinheiro no Paço.
Entre as pessoas ouvidas estão a ex-assessora e ex-voluntária Tatiane Polis, o chefe de gabinete Carlos Henrique de Mendonça e o dono da agência de publicidade Dgentil, Luiz Navarro. Depois que as investigações começaram, dois secretários municipais foram exonerados e um está afastado.

Entenda o caso

A ex-assessora do prefeito de Sorocaba Tatiane Polis foi flagrada participando mais uma vez do governo de José Crespo (DEM). Em 2017, ela foi o estopim de uma crise política na cidade que resultou na cassação do prefeito, que voltou ao cargo dias depois.
Segundo a prefeitura, Tatiane fazia trabalho voluntário, mas isso não foi confirmado pelos documentos aos quais a TV TEM e o G1 tiveram acesso nem pela secretaria que coordena o voluntariado.
Um vídeo institucional do programa "Fala Bairro", que leva representantes da prefeitura para ouvir as demandas da comunidade, mostra uma reunião no dia 23 de fevereiro, na Casa do Cidadão do bairro Brigadeiro Tobias, em que Tatiane aparece ajudando na preparação do evento. O vídeo mostra quando a reunião começa e a ex-assessora parece estar atenta a tudo que acontece.
Além disso, conversas de WhatsApp sobre o programa "Fala Bairro" mostram que Tatiane está no grupo e, após a realização do evento, manda mensagem como coordenadora: ela agradece o trabalho de todos e elogia a equipe.

A reportagem também conseguiu cópias de conversas por WhatsApp do grupo de funcionários da Secretaria de Comunicação da prefeitura. O grupo se chamava "Secom 2019" e Tatiane fazia parte dele.
Prints mostram conversas entre Tatiane Polis e servidores — Foto: Reprodução/TV TEM
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