Um ataque ao Hospital Saudita de al-Fashir, o último em funcionamento na cidade, deixou ao menos 460 mortos, segundo informações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades sudanesas. O incidente ocorreu no último domingo (26), após a tomada da cidade pela força paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), intensificando a crise humanitária em Darfur.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (29), a OMS afirmou que entre as vítimas estão pacientes e acompanhantes, além de denunciar o sequestro de seis profissionais de saúde, incluindo quatro médicos, uma enfermeira e um farmacêutico.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) condena o suposto assassinato de mais de 460 pacientes e seus acompanhantes, bem como o sequestro de seis profissionais de saúde, em 28 de outubro, no Hospital Maternidade Saudita em El Fasher”, declarou a entidade.
O governador de Darfur, Minni Minawi, que se aliou ao Exército sudanês, confirmou as mortes em publicação na rede social X (antigo Twitter), embora não tenha fornecido mais detalhes sobre o ataque.
Violência crescente e colapso médico
De acordo com grupos de médicos sudaneses e uma rede de ativistas locais, o número de vítimas pode ser ainda maior, incluindo centenas de pessoas que estavam em enfermarias improvisadas ao redor do hospital.
Com a comunicação interrompida e o acesso à internet bloqueado desde a ocupação da cidade pelas RSF, a agência Reuters informou que não conseguiu verificar os números de forma independente.
Durante o cerco, médicos e voluntários tentaram manter o hospital funcionando, mesmo com a escassez de recursos e medicamentos. As instalações vinham tratando casos de desnutrição e ferimentos de guerra, após o fechamento dos demais centros médicos da cidade em razão de bombardeios e incursões terrestres das forças paramilitares.
Crise humanitária e risco de genocídio
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) relatou que mais de 36 mil pessoas fugiram de al-Fashir desde domingo, mas cerca de 200 mil permanecem na cidade, sob condições precárias e ameaça constante de violência.
Grupos de direitos humanos alertam para o risco de assassinatos em massa e limpeza étnica, repetindo os horrores vividos em Darfur nos anos 2000.
As autoridades dos Estados Unidos já acusaram as RSF e milícias aliadas de promoverem ataques sistemáticos contra civis, com base em etnia e origem regional. Al-Fashir era considerada o último reduto significativo do Exército sudanês em Darfur, após dois anos de guerra civil que devastaram o país.
Desde abril de 2023, o Sudão enfrenta um conflito entre o Exército nacional, comandado por Abdel Fattah al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (RSF), lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como “Hemedti”.
A guerra já provocou milhares de mortes e o deslocamento de milhões de pessoas, agravando a fome e o colapso dos serviços básicos no país.
Comunicação em Ação | com informações da Reuters
Foto: AFP
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