Pacote de ajuste fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na última quarta-feira, 27, ainda tem causado repercussões no mercado
O anúncio do pacote de ajuste fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que ocorreu na quarta-feira passada, dia 27, continua gerando efeitos no mercado. A alta do dólar persiste, fechando ainda acima de R$ 6 na quarta-feira, dia 4.
O Ibovespa encerrou o dia praticamente estável, apresentando uma pequena diminuição de 0,04%. De acordo com o economista Leonardo Piovesan, que tem pós-graduação em mercado financeiro, houve erros por parte do governo na forma como planejou e comunicou os cortes orçamentários.
“O pacote fiscal é bom do ponto de vista de segurança fiscal, pretende aumentar o ajuste e reduzir gastos principalmente via corte e aumento das receitas”, afirma a Oeste o economista, que atua em uma financeira da rede do Banco Santander.
“O problema é que a forma com que o governo está realizando isso não é a mais adequada. Mais do que o fator econômico, a forma é mais importante, como o governo vai juntar tudo isso. Sendo bem direto, a cartilha se mostrou mais uma politicagem do que um programa econômico de fato a ser aplicado.”
O governo afirma que as medidas devem gerar uma economia aproximada de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. A reforma no Imposto de Renda também foi anunciada, com o objetivo de permitir o aumento da faixa de isenção a partir de 2026 para aqueles que ganham até R$ 5 mil. Entre todas as medidas propostas, três já estão sendo analisadas na Câmara dos Deputados.
A primeira proposta sugere a restrição do aumento real do salário mínimo dentro dos parâmetros do arcabouço fiscal (PL 4.614/24). Isso resultaria em um aumento real previsto para o salário mínimo entre 0,6% e 2,5%, com base na inflação acrescida da variação do PIB.
“O pacote também precisa passar pelo Congresso e vai ser mais um tempo de desgaste político para passar da maneira que o governo quer e precisa”, afirmou Piovesan, que espera um período ainda turbulento no mercado.
Ele antecipa que, nesse contexto, o Banco Central (BC) provavelmente continuará a sustentar uma alta taxa de juros nas futuras reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo o especialista, a taxa atual é preservada em níveis altos para combater impactos externos na economia brasileira.
Do Contra Fatos
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