Conta de luz também deve subir com alta do preço do diesel

O efeito da alta dos combustíveis não vai se restringir às bombas dos postos de gasolina ou às prateleiras dos supermercados, inflacionadas com o custo do transporte

Foto: Romildo de Jesus

Por André Borges 

O efeito da alta dos combustíveis não vai se restringir às bombas dos postos de gasolina ou às prateleiras dos supermercados, inflacionadas com o custo do transporte. A conta de luz também vai subir. 

O governo e os órgãos do setor elétrico ainda fazem as contas, uma equação complicada devido à volatilidade diária que domina os preços dentro e fora do Brasil, mas o fato é que o preço do óleo diesel subiu e esse repasse acaba sendo inevitável, para bancar as operações de usinas térmicas movidas a óleo diesel. 

Essas usinas, que são as mais caras de todas as fontes de geração, já foram acionadas à exaustão até o fim do ano passado, por causa da crise hídrica. Com as chuvas de verão, parte delas foi desligada, mas ainda assim há centenas que seguem em operação, por dois motivos. O primeiro é que essa geração ajuda a preservar os reservatórios das hidrelétricas, para que atravessem o próximo o período seco com água. O segundo é que as térmicas a óleo são, basicamente, a única fonte de energia elétrica em centenas de municípios do Brasil que ainda não estão conectados ao sistema nacional de transmissão de energia. 

Seja qual for o motivo de acionamento dessas usinas a óleo, quem paga mais essa conta é o consumidor. Cada centavo gasto por essas térmicas é bancado por um encargo embutido na conta de luz, a chamada “Conta de Consumo de Combustíveis” (CCC). No fim do ano passado, já se previa que as despesas com esse encargo subiriam 21% neste ano, chegando a R$ 10,3 bilhões, justamente por conta do aumento dos preços dos combustíveis. Agora, em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia e as dificuldades de se prever os impactos nos preços dos combustíveis, não se sabe exatamente onde isso vai parar. 

Distribuidoras pedem revisão 

O Estadão apurou que, desde a semana passada, as principais distribuidoras de energia da região Norte, onde funciona a maioria das usinas térmicas, passaram a fazer contas e procuraram a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para tratar do assunto. Tome-se como exemplo o caso de Boa Vista. A capital de Roraima, que é a única do País que não está interligada ao sistema interligado nacional, depende completamente de usinas a óleo diesel. Por dia, são consumidos mais de 1,05 milhão de litros de óleo diesel para abastecer a cidade e sua região.   

“O reflexo imediato na alta do diesel é basicamente o aumento do preço médio da energia, o que impacta sobremaneira a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), haja vista que o custo acima da cobertura tarifária é totalmente coberto via reembolso pelo encargo”, afirmou a distribuidora Roraima Energia. 

Fonte: O Estado de S.Paulo 

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