CGU aponta superfaturamento em obras das Codevasf pagas com verba destinada por Lira

Auditoria mostrou superfaturamento em obras em cidade administrada pelo pai do presidente da Câmara

Foto: Divulgação / Presidência da República
Foto: Divulgação / Presidência da República

 

A Controladoria-Geral da União (CGU) detectou sobrepreço em contratos de obras da Companhia de Desenvolvimento do Vale do Francisco (Codevasf), em Alagoas, financiadas com verba do orçamento secreto e emendas impositivas destinadas ao estado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). As informações constam em um relatório da CGU, obtido pelo jornal O Globo.

Segundo o órgão, contratos firmados pela Codevasf em 2019 e 2020, no valor de R$ 30,2 milhões, para o calçamento com paralelepípetos em 34 municípios de Alagoas foram superfaturados em R$ 4,3 milhões. Uma das cidades beneficiadas, Barra de São Miguel, inclusive, é administrada pelo pai de Lira, Benedito Lira.

O relatório mostra que um dos contratos, no valor de R$ 17,7 milhões, se deu exclusivamente com verba do orçamento secreto, direcionada por Arthur Lira, enquanto outro, de R$ 10,9 milhões, foi viabilizado por meio de emendas impositivas do dele e também de Givago Tenório, suplente de seu pai no Senado.

De acordo com o material obtido pelo jornal, a CGU identificou vários serviços e materiais listado no orçamento básico com preços superiores ao valor de mercado. Dentre os valores superfaturados estão despesas com estrutura de apoio à obra, elaboração de projeto executivo, transporte de materiais com caminhão basculante, pintura do meio-fio e placas de aço de sinalização.

Outra irregularidade encontrada pelos auditores foi o fato da Codevasf usar orçamentos feitos por fornecedores sem identificação na planilha de custos. Ao ser questionada pela CGU, a estatal “se eximiu de apresentar as cotações de cada empresa”.

Auditores viajaram a Barra de São Miguel em 5 de março de 2021, e, durante inspeção, se dirigiram ao endereço da D2M Engenharia, empresa responsável pelas obras na cidade e em outros 28 municípios com recursos enviados por Lira. “Constatamos que os serviços estavam paralisados e o imóvel utilizado pela empresa contratada encontrava-se fechado”, diz o relatório.

Na inspeção os técnicos verificaram divergências entre a área total de pavimentação das ruas, no assentamento de meio-fio e também na quantidade de sinalização noturna, além de constatar que não havia “registro de carregamento de caminhões basculantes e do espalhamento do bota-fora”.

Os contratos em questão foram assinados pelo então superintendente interino da Codevasf, Ricardo Alexandre Lisboa Vieira, que ganhou o cargo no fim de 2019 por indicação de Lira. Ele comandou a estatal em Alagoas até abril de 2021, sendo substituído por João José Pereira Filho, também conhecido por Joãozinho, que é primo do presidente da Câmara.

Bahia.ba

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