Ex-namorado pagou R$ 1,5 mil por feminicídio de enfermeira em Alagoinhas

Terceiro envolvido no crime, ocorrido em 2017, foi preso nesta quinta-feira (18)
Os requintes de crueldade que marcaram o assassinato da enfermeira e professora universitária Rosângela Gomes Costa, 35 anos, em abril de 2017, no município de Alagoinhas, no nordeste do estado, já à primeira vista, deram à polícia indícios de que se tratava de um feminicídio. Preso poucos dias depois do crime, Edvan Alves dos Santos, 30, confessou que matou a vítima a facadas para roubá-la.
Nesta quinta-feira (18), no entanto, a polícia chegou até Antônio Roberto Freitas Valverde Júnior, 37, a quem atribui a responsabilidade pela autoria do crime. As investigações dão conta de que ele pagou R$ 1,5 mil para que Edvan e um terceiro homem, identificado como Lenildo Santos da Silva, preso também na época do crime, fossem até a casa da professora executar o assassinato.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que Rosângela e Antônio viviam um "um relacionamento conturbado, marcado pelos ciúmes e cobranças da parte do agressor". O suspeito, que já tinha um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça, não resistiu à prisão. Não foi informado, no entanto, se o homem confessou o crime.
Por meio da sua assessoria de comunicação, a polícia acrescentou o valor pago pelo crime foi informado aos investigadores pelos próprios executores, que continuam presos à espera de julgamento.
O corpo de Rosângela foi encontrado no dia 21 de abril de 2017, num dos quartos da casa dela, no bairro do Barreiro. A vítima estava vendada e com os braços amarrados
.De acordo com a delegada Amanda Brito, Antônio Roberto, que é natural da cidade do Rio de Janeiro, mandou matar a namorada por considerar que ela não dava importância ao relacionamento e, supostamente, se relacionava com outras pessoas.
Edvan foi preso, em 2017, escondido em trailer (Foto: Reprodução)

Investigações

À época, o titular da Delegacia de Alagoinhas, delegado Clélio Pimenta Bastos Filho, já havia desconfiado da versão que Edvan havia contado ao ser preso. Para o delegado, a cena do crime destoava doq ue é comum para um roubo seguido de morte. 

"É difícil falar. Ela tinha os olhos vendados e a mordaça, o que são elementos a mais. Era uma intenção dele subjugar. A motivação vai ser esclarecida, pois ele pode ter iniciado tudo por um motivo e ter evoluído a outros. O comportamento é de uma pessoa que certamente estava perdida", disse o delegado, em abril de 2017. 

"Um dia após o crime, nossa equipe de inteligência localizou o telefone dela (Rosângela) na mão de um receptador. E foi ele quem disse quem havia subtraído o telefone", completou o tenente coronel Jarbas Carvalho, do 4º Batalhão de Polícia Militar, também na época, sobre a prisão de Edvan. 


A polícia já desconfiava que podia haver um mandante, mas não chegou a divulgar a informação. "Ainda vai ser investigada pela Polícia Civil a motivação. Ele pode ter sido o executor e ter um mandante. Havia dinheiro na casa e ele não levou, roubou só o celular", chegou a afirmar o coronel. 

Jantar após o crime 

"Ele [Edvan] chegou a jantar na casa da mãe após sair da casa dela [Rosângela], agiu com tranquilidade. O que temos até aqui leva a crer que não foi só uma questão de droga. Talvez até denote uma premeditação", considerou o delegado, no início das investigações. 

Quanto à possibilidade de envolvimento afetivo entre a enfermeira e Edvan, o delegado informou que todas as possibilidades estão sendo consideradas. "É prematuro descartar qualquer coisa. Considerando a mordaça, que tem a intenção de subjugar a vítima, você entende que traços de sentimento, seja de amor ou de ódio, estão presentes", salientou. 

Ao identificar Edvan, a polícia realizou buscas na casa do suspeito e recolheu chinelos, facas, tesouras e outros objetos que podem estar relacionados ao crime. Todo o material passará por perícia. O delegado teve contato com a mãe de Edvan, que confirmou que viu o filho com alguns ferimentos leves no corpo. 

O executor do feminicídio já havia sido preso por roubo em 2013.
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