Caso Letícia: 7 meses depois, pai que matou adolescente esfaqueada continua foragido

Por Carlos Dias, G1 Sorocaba e Jundiaí




Sete meses depois de matar a filha de 13 anos a facadas após deixar a cadeia em São Roque (SP), Horácio Lazareno Lucas continua foragido. As dezenas de operações de busca realizadas pela polícia não tiveram sucesso, e o inquérito corre em segredo de Justiça no Fórum da cidade desde janeiro.
Letícia Tanzi foi morta a facadas em casa no dia 3 de outubro do ano passado, horas depois que o pai, de 39 anos, deixou a prisão, onde cumpria pena por estupro contra a cunhada. Durante o período em que ficou preso, foi denunciado pela filha por estupro.
Ao sair da penitenciária - com o benefício de recorrer da primeira acusação de estupro em liberdade -, ele foi para casa tentar convencer a filha a retirar a denúncia. Ela se recusou e foi esfaqueada várias vezes.
Mais de seis meses depois do crime, a mãe e o irmão mais novo de Letícia Tanzi atualmente moram com parentes, em outra região da cidade. A dona de casa voltou a estudar e matriculou o filho em outra escola. Eles e o restante da família temem por uma nova retaliação do foragido.
"Comecei a sair de casa, mas ando sempre atenta, nunca de cabeça baixa e fico olhando todos que passam perto de mim para ver se vejo aquele monstro. O que eu quero é Justiça para minha filha. Ele não pode ficar impune, tem que pagar", diz Tamires Tanzi, mãe da adolescente.
Segundo a Polícia Civil, dezenas de denúncias apontaram possíveis locais onde o suspeito poderia estar, mas ele não foi encontrado em nenhum deles. As operações de busca mobilizaram equipes de investigadores de São Roque e Araçariguama durante várias semanas, mas atualmente a polícia só faz averiguações quando recebe alguma denúncia sobre o paradeiro do criminoso.

O crime

Em 3 de outubro de 2018, segundo a Polícia Civil, a jovem Letícia Tanzi estava em casa, quando Horácio foi até o imóvel depois que recebeu o alvará de soltura.
Enquanto ele esteve detido, Letícia o denunciou alegando que era violentada desde 2017. Horácio foi até a casa justamente com o objetivo de convencer a filha a retirar a denúncia de estupro, segundo a mãe da jovem afirmou à polícia.
A mãe relatou também que ele estava calmo, mas a situação mudou quando a menina se negou a voltar atrás sobre a queixa.
O crime sensibilizou moradores da cidade e reuniu uma força-tarefa de buscas com equipes da Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Civil Municipal para encontrar o suspeito, que fugiu em direção a um matagal.
A Guarda Municipal de Itupeva foi acionada e usou cães farejadores para tentar encontrá-lo. O cão Max, da raça Bloodhound, chegou a identificar o odor de Horácio em trilhas, mas não a localização do suspeito.




Entenda o caso

  • Horácio foi condenado há oito anos de reclusão por estuprar a cunhada em 2010.
  • O processo do estupro corria desde 2011. Segundo o Tribunal de Justiça, ele respondeu em liberdade e sempre cumpriu as medidas cautelares.
  • Ao final do processo, ele foi condenado, mas com possibilidade de recorrer. No entanto, o oficial de Justiça não o encontrou para a intimação. Ele foi localizado e preso apenas em 8 de junho de 2018.
  • Aliviada com a prisão, Letícia contou para a mãe que era violentada desde 2017.
  • A denúncia da menina pegou a família de surpresa e a mãe registrou um novo boletim de ocorrência para voltar atrás no pedido de soltura feito à Justiça, mas não conseguiu.
  • A Justiça expediu o alvará de soltura para que ele pudesse recorrer da condenação em liberdade.
  • Letícia foi morta horas depois, no dia 3 de outubro.
  • G1 teve acesso a áudios e prints em que a menina comenta a prisão do pai.

Buscas na mata

No feriado do dia 12 de outubro um morador relatou que Horácio tentou invadir a casa de um amigo da família. Contudo, ele teria corrido mais uma vez para o matagal.
A floresta é constituída de árvores altas e copas desenvolvidas com muitos arbustos, o que dificulta o trabalho da polícia. Além disso, a região tem diversas nascentes.
A extensão de floresta ao entorno de São Roque faz limite com outros municípios. Quem conhece a área pode ter acesso à rodovia Castello Branco e chegar a Araçariguama, cidade vizinha de São Roque.



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